Você tem ideia de quanto lixo
uma eleição produz? Quanto se gasta com a propaganda eleitoral impressa? Pois
um juiz auxiliar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fez as contas. E chegou a
uma conclusão: a propaganda eleitoral é cara e agride o meio ambiente. Só com
combustível, até o primeiro turno das eleições, foram gastos 54 milhões de
litros, o que significa quase 40 toneladas de gás carbônico a mais na
atmosfera.
E não é só.
Nos quase três meses
de propaganda eleitoral nas cidades, partidos e candidatos investiram alto em
propaganda eleitoral impressa. Até a segunda parcial de contas apresentada ao
TSE, mais de R$ 300 milhões haviam sido gastos só com papel e publicidade em
jornais e revistas.
O juiz auxiliar da presidência
do TSE, Paulo de Tarso Tamburini, explica que isso equivale a mais de 20
milhões de livros ou cadernos que poderiam ser feitos ou a mais de 20 bilhões
de folhas tamanho A4. Ou ainda 417 mil árvores cortadas.
Sujeira nas cidades
Após a campanha, a propaganda
eleitoral impressa é jogada no lixo ou nas ruas. Esse é um dos principais
problemas que se vê no período eleitoral: a sujeira nas cidades. Os números são
de assustar: só no dia do primeiro turno, foram coletadas na cidade do Rio de
Janeiro 324 toneladas de lixo eleitoral (30 toneladas a mais em relação ao
mesmo período de 2008).
Esse problema não é uma
exclusividade das capitais. O município de Novo Gama, em Goiás, a 40 km de
Brasília, teve eleição para prefeito e dez vereadores. A propaganda eleitoral
no dia da votação deu trabalho para a limpeza pública, segundo o secretário de
Obras de Novo Gama, Alessandro Barreiros. “O aumento foi muito grande, cerca de
500% ou mais. A nossa equipe diária de varrição é muito pequena. Diante do
volume muito grande de material de campanha, nós tivemos que deslocar pessoas
de outros setores para fazer essa varrição.”
Compromisso partidário
O líder do PV na Câmara,
deputado Sarney Filho (MA), lamenta que não haja compromisso dos demais
partidos com a limpeza das cidades e com o meio ambiente. Ele afirma que o PV
fez com que os candidatos do partido a cargo majoritário assumissem o
compromisso de governo e de campanha de usar material reciclável, de não jogar
papel na rua e de não distribuir os chamados “santinhos”. Ele acredita que a
maior parte dos candidatos do PV cumpriu esse acordo.
Sarney Filho defende uma mudança
na legislação que evite cenas como as que ele viu em São Luís, capital do
Maranhão. “No dia da eleição, tinha locais em que você não via o chão, de tanto
papel, de tanto santinho.”
Para o presidente da Subcomissão
de Resíduos Sólidos da Câmara e da Frente Parlamentar da Reciclagem, deputado
Adrian (PMDB-RJ), falta fiscalização e punição para os partidos e candidatos. O
deputado afirma que o País precisa evitar que o lixo eleitoral aumente e que as
cidades fiquem mais sujas a cada eleição. “Nós temos que ter uma eleição
limpa.”
Conscientização
O juiz eleitoral Paulo de Tarso
Tamburini espera que o estudo sobre o impacto ambiental da propaganda eleitoral
ajude os partidos e candidatos a mudar a forma de fazer a propaganda eleitoral
no Brasil. “Esse é o nosso objetivo, fornecer dados concretos e estatísticos
para que se reflita como se pode alterar a propaganda eleitoral ou como se pode
tratar a propaganda eleitoral de maneira que esse impacto ambiental seja
diminuído.”
Fonte: Agência Senado