Deputados de diversos partidos avaliaram nesta segunda-feira (17) as manifestações ocorridas em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, e em outras capitais.
Em Brasília, o protesto reuniu mais de 5 mil pessoas contra os gastos públicos com a Copa das Confederações e a falta de investimentos nas áreas de saúde e educação, entre outros assuntos.
No sábado, os manifestantes se concentraram em frente ao ginásio Mané Garrincha, onde foi realizado o jogo de abertura Brasil x Japão. Nesta segunda-feira, o protesto tomou conta da esplanada dos ministérios e terminou no Congresso Nacional.
A Frente Parlamentar pelos Direitos Humanos da Câmara já avisou que vai entrar com representações no Ministério Público, no Conselho Nacional de Justiça e na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para apurar os abusos cometidos pela polícia em diversos estados.
Transporte público
Para Luiza Erundina (PSB-SP), “lamentavelmente”, o transporte público não é visto e compreendido como um direito social no País. “O transporte onera, de forma insuportável, exclusivamente, o usuário do transporte coletivo. Por isso, essa manifestação e essa mobilização muito fortes e expressivas vêm ocupando as cidades, não só por conta desse reajuste, que, por sinal, em São Paulo, está abaixo do índice de inflação, mas também para denunciar a política de transporte”, avaliou.
O deputado Izalci (PSDB-DF) também citou como motivo das manifestações o transporte público, a corrupção e os investimentos para a Copa do Mundo. “O transporte público de Brasília está há muitos anos em uma situação caótica, os ônibus quebrando a todo o momento”, criticou.
Renan Filho (PMDB-AL) informou que o prefeito de Maceió, Rui Palmeira, declarou que vai trabalhar para que as tarifas não sejam elevadas. “Isso é importante porque esse é um dos principais custos para o trabalhador e para os estudantes que sempre precisam utilizar um transporte público de qualidade”, afirmou o deputado.
Segurança Pública
Já Francisco Escórcio (PMDB-MA) vê os protestos como um reflexo da insatisfação com a segurança pública. “Nós temos que discutir aqui as verbas para fazer uma segurança pública mais decente. É por isso que já começa a haver rebelião para cima e para baixo neste Brasil. Estou vendo uma insatisfação generalizada sobre um assunto chamado segurança pública neste Brasil”, disse.
Para Erika Kokay (PT-DF), as manifestações alimentam a democracia. “Nós não podemos apenas olhar os atos que têm que ser condenados, atos de vandalismo contra o patrimônio público, é preciso também considerar que o Estado estava em conflito com a lei. O Estado que não valoriza a própria educação, que não valoriza a dignidade humana e que não se pauta a partir da dignidade humana é um Estado que está também em conflito com lei”, avaliou.
Na avaliação de Augusto Carvalho (PPS-DF), condenar as cenas de vandalismo e de depredações, em “uma análise ligeira, é muito cômodo”. Para o deputado, são mais profundas as razões que levam os jovens para as ruas. “Não foi uma manifestação contra o governo do PT de São Paulo, do governo do PT aqui de Brasília, não é uma manifestação contra um determinado partido, contra um determinado governo. É a contra alguma coisa que talvez esses jovens não consigam precisar com muita propriedade. Certamente, estão protestando contra coisas ruins que marcam a história deste País, a situação exata em que estamos vivendo” afirmou.
São Paulo
O líder do Psol, Ivan Valente (SP), entrou com representação na Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo e no Ministério Público estadual pedindo a investigação das denúncias de violência policial durante a manifestação contra o aumento das tarifas de ônibus na última quinta-feira (13). Carlos Zarattini (PT-SP) apoiou a iniciativa.
O deputado Chico Alencar (Psol-RJ) disse que os excessos não podem ficar sem resposta por parte do Legislativo. Para ele, a polícia, em algumas situações, extrapolou o dever constitucional de manter a ordem democrática e os direitos humanos.
O líder do PT, José Guimarães (CE), avaliou que a postura da polícia paulista estimulou a adesão do movimento em diversos estados. “No lugar de politizar o episódio, trazendo policiais para prestar esclarecimentos na Câmara, o País tem que responder com ações, atendendo as reivindicações dos movimentos.”
As manifestações tomaram as ruas do Rio de Janeiro, da capital paulista, de Belo Horizonte, de Brasília, de Maceió, de Curitiba, de Fortaleza, de Belém, de Salvador, de Porto Alegre e de Vitória.
Fonte: Agência Câmara de Notícias