Seis anos após o assassinato do coronel reformado
da Polícia Militar Ubiratan Guimarães, um dos personagens centrais do episódio
que ficou conhecido como “massacre no Carandiru”, o caso começa a ser julgado.
Nesta segunda-feira (5), a advogada Carla Cepollina, ex-namorada de Ubiratan,
se senta no banco dos réus no plenário 10 do Fórum Criminal da Barra Funda, na
zona oeste de São Paulo, onde irá a júri popular. Para o promotor de Justiça
João Carlos Calsavara, a advogada é autora do crime, motivado, segundo ele, por
ciúme, já que a acusada suspeitaria da traição da vítima.
A expectativa é de que o julgamento dure cinco
dias. Carla Cepollina, que já teve como advogado o ex-ministro da Justiça
Márcio Thomaz Bastos, será defendida por Eugenio Carlos Balliano Malavasi. O
nome da criminalista Liliana Pranzivalli, mãe da ré, também aparece na lista
divulgada pelo Tribunal do Júri.
O promotor João Carlos Calsavara terá como
assistentes de acusação Vicente Fernandes Cascione, que representa a família do
coronel Ubiratan, e Juliana Maria Peres Tauro. No dia marcado para o
julgamento, uma escrevente de sala irá sortear os jurados selecionados pelo
Tribunal de Justiça de São Paulo. Em geral, 25 são convocados, mas neste caso
especificamente, em razão da grande repercussão e para evitar problemas que possam
impedir a realização do júri, serão cerca de 50. Tanto o promotor quanto os
advogados de defesa podem recusar, por três vezes, o jurado sorteado. Por fim,
sete serão finalmente escolhidos para integrar o júri, instaurado pelo juiz
Bruno Ronchetti de Castro.
Durante a audiência, serão ouvidas as testemunhas
de acusação e, na sequência, as de defesa. Ao todo, são dez, cinco para cada
lado. A delegada de Polícia Federal Renata Azevedo dos Santos Madi, apontada
como pivô da briga entre Carla e Ubiratan, está entre as testemunhas de
acusação.
As outras são o filho do coronel, Fabrício Rejtman
Guimarães; Odete Adoglio de Campos, vizinha da vítima, e os delegados Marco
Antonio Olivato e José Vinciprova Sobrinho. Já a defesa convocou a especialista
em perícias criminais Roselle Adriane Soglio. As demais são o advogado
Francisco Lobo da Costa Ruiz, Desiree Teixeira Freschet, Arduíno Marco G.P.
Fiaschitello e Ana Cristina de Jesus Bonfim.
Depois de ouvidas as testemunhas, chega o momento
do interrogatório da ré, último ato processual antes dos debates, que duram uma
hora e meia. Se o promotor decidir pela réplica, a defesa tem direito a
tréplica. Nesta etapa, cada lado dispõe de uma hora.
O crime
De acordo com o Ministério Público, o disparo que
atingiu o coronel foi feito depois de uma discussão. Ele foi morto com um tiro
na barriga, no apartamento onde morava, na rua José Maria Lisboa, próximo ao
cruzamento com a avenida Nove de Julho, nos Jardins, zona sul de São Paulo.
Assessores do militar encontraram o corpo sobre um sofá do imóvel, que fica no
7º andar.
Carla confirma a briga, mas nega o crime. No dia 11 de setembro de 2006, durante
depoimento à polícia, ela relatou que estava no apartamento de Ubiratan na
noite do assassinato, e que os dois chegaram a discutir, após ele receber o
telefonema de uma mulher. Na versão apresentada pela advogada, a briga terminou
e ela deixou o local. Imagens gravadas pela câmera do elevador do prédio onde o
coronel morava flagraram Carla guardando um embrulho dentro da bolsa após sair
do apartamento. A polícia suspeita de que seja a arma do crime. No dia 27 de
setembro de 2006, Carla Cepollina foi indiciada pela morte do ex-namorado. No
início de outubro daquele ano, o Instituto de Criminalística afirmou que a bala
que matou o coronel foi disparada pela própria arma dele, que nunca foi
encontrada.
O Ministério Público de São Paulo denunciou Carla
Cepollina à Justiça no dia 8 de novembro de 2006.
Fonte: R7