7 de nov. de 2012

Por maioria de votos, o Conselho de Sentença absolveu Carla Cepollina pela morte de coronel Ubiratan


Os jurados definiram na noite desta quarta-feira (7) que Carla Cepollina é inocente da morte do Coronel Ubiratan Guimarães. Carla foi absolvida por maioria dos votos. Os jurados consideraram as provas insuficientes.


O julgamento no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo, começou na segunda-feira (5).

Para definir se Carla deveria ser penalizada pelo crime, eles responderam seis perguntas que definiram se houve crime, se a ré poderia ser considerada culpada e quais as qualificadoras consideradas válidas - motivo torpe, recurso que impossibilitou defesa da vitima e agravante de a vitima ter mais de 60 anos.

O julgamento

O terceiro dia de júri começou com o debate entre defesa e acusação. Os primeiros a falar foram o promotor do caso, João Carlos Calsavara, e o assistente de acusação, Vicente Cascione, que sustentam que ela matou Ubiratan motivada por ciúme.

Eles alegaram que Carla e Ubiratan eram os únicos no local e horário do crime. A afirmação foi feita com base nos horários de trocas de mensagens de texto e telefonemas entre o coronel, Carla e a delegada de Polícia Federal Renata Madi, com quem o coronel manteria um relacionamento amoroso.

Entre 18h58 e 19h01, houve a troca de três mensagens entre os celulares de Ubiratan e Renata, mas as mensagens teriam sido enviadas por Carla, enquanto o coronel dormia. Carla nega. Às 19h01, ainda segundo o advogado, Renata liga para Ubiratan. Quem atende é Carla, que passa a ligação para o coronel ainda sonolento. Ele teria dito à delegada que iria ver o que tinha ocorrido, já que não era o autor das mensagens, e uma briga teria começado entre Carla e Ubiratan. Um barulho foi ouvido por vizinhos entre 19h e 19h30, período em que o coronel teria sido morto.

Antes do advogado, o promotor João Carlos Calsavara também pediu a condenação de Carla e ressaltou seu perfil “impulsivo”. “Ela é reativa, não aceita ser contrariada. Está no plenário como se estivesse em um shopping”, disse. Carla chegou a ser expulsa do tribunal por se manifestar durante a fala de uma testemunha de defesa. Também mostrou irritação ao pedir que o promotor a chamasse de doutora.

A defesa tentou provar o contrário. "No domingo, o coronel estava vivo e a prova cabal disso é que a Carla mandou uma mensagem de texto para ele às 8h21 de domingo e a mensagem chegou às 11h27. Ou seja, o celular foi ligado", disse Liliana Prinzivalli, mãe e defensora de Carla.

A advogada também usou o resultado do laudo do Instituto Médico-Legal (IML), que apontou que o coronel foi morto 18 horas ou mais horas antes da perícia, para afirmar que o assassinato ocorreu no domingo pela manha, e não no sábado. O corpo do coronel foi encontrado na noite do dia 10 de setembro, um domingo, e a necropsia foi feita na manhã de segunda-feira.

Liliana defendeu a inocência da filha e criticou a acusação em sua fala que durou cerca de uma hora. "Quem acusa Carla? Quem mente", disse, depois de afirmar acreditar que o advogado Vicente Cascione conhece o suposto assassino de Ubiratan. "Mas acusar a Carla é mais fácil, dá mais cartaz", disse a advogada.

Depoimento

Em seu depoimento, Carla falou que não há “prova científica” contra ela. “Não tive direito a uma luta justa.” Ela afirmou ainda que as acusações são absurdas e que “precisavam de um bode expiatório” para o crime. Durante seu interrogatório, ela chegou a pedir ao promotor que a tratasse por doutora. Mais tarde, desculpou-se. Carla falou ainda que gostava de Ubiratan e que é mentira a tese de que o relacionamento entre eles havia acabado.

Testemunhas

Carla Cepollina começou a ser julgada na segunda-feira à tarde. O Ministério Público pediu o adiamento do julgamento insistindo que gostaria da presença da delegada Renata Madi, uma das testemunhas de acusação convocadas, mas que não compareceu. O juiz decidiu que o júri aconteceria mesmo assim. Os advogados de Carla também votaram pela ocorrência do julgamento, apesar de as testemunhas de defesa não terem comparecido.

Os jurados foram sorteados – seis homens e uma mulher – e começaram os depoimentos. A primeira a falar foi a pianista Odete Campos, de 85 anos, que vive no mesmo andar onde morava o coronel. Ela contou aos jurados que na noite do sábado 9 de setembro de 2006 ouviu um barulho "estridente", semelhante ao de uma pilha de pratos caindo ou de uma pedra na janela. Dias após o assassinato, a polícia reproduziu o barulho de um tiro com um teste de ruído no edifício. Odete, porém, disse não saber se o barulho seria semelhante ao de um tiro porque não conhecia esse tipo de ruído.

O segundo a depor foi o delegado Marco Antonio Olivato, que conduziu a investigação do crime e indiciou Carla. Ele explicou a investigação e deu detalhes das provas. O delegado alega que há inconsistência nos depoimentos de Carla e imagens de câmeras que mostram que ela entregou roupas erradas para a perícia. Falou também sobre registros de ligações telefônicas que mostram o deslocamento de Carla e ainda sobre depoimentos, como o de Renata Madi, que ligou para o coronel e foi atendida por Carla.

Na terça-feira, após um atraso de cerca de duas horas em razão da falta de energia no entorno do fórum, o segundo dia do julgamento começou com a leitura de depoimentos de testemunhas feitos anteriormente à polícia ou à Justiça. Entre os relatos lidos está o de Fabrício Rejtman Guimarães, um dos filhos do coronel, que afirmou que seu pai “tinha pena” de Cepollina, com quem não queria ter um relacionamento sério. Segundo Fabrício, Cepollina queria que a relação fosse oficializada, mas Ubiratan já se relacionava com Renata.

O depoimento da delegada também foi lido. Ela disse que era apaixonada por Ubiratan, mas que quase não tinha contato com o coronel por residir no Pará. Também foram lidos os depoimentos da empregada de Ubiratan à época e de uma amiga de Carla Cepollina, que disse que já visitou o prédio de Ubiratan e falou que ele não oferece segurança.

Fonte: G1